quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O barato pode sair caro

Não é preciso ser especialista em sistemas organizacionais para saber que é mais fácil criar um organismo que fundir dois ou mais. Sobretudo se essa fusão não é acompanhada de um desenho diferente da missão e das competências da nova organização. Situação que a não ocorrer, transforma a fusão em simples adição. Junta-se o que antes estava separado e em que uma organização passa a fazer o que antes era feito por uma ou mais. Só que ao aumentar o grau de competências de uma organização e a diminuir-lhe os recursos humanos a uma escala muito significativa cresce a complexidade de governação. E a complexidade dos sistemas é uma das entropias das organizações.
A publicação dos estatutos do Instituto Português do Desporto e da Juventude(IPDJ)é um exemplo do que acabamos de referir. É uma tarefa hercúlea a que espera os seus dirigentes. Não apenas pelo que herdam dos organismos extintos, mas pelo conjunto de competências que vão ser obrigados a cumprir. A que acresce que se fundem organismos onde o objecto de cada um delas não é complementar do outro ou onde existissem claras sobreposições de competências em que a anulação de um em nada prejudique o exercício do outro .E se tudo isto já era complexo num contexto normal acresce a situação de transitarem para o novo organismo passivos elevados.
A solução de agregação(desporto+juventude) não é uma situação atípica.Ela tem equivalência em muitos governos e outras instâncias europeias.Mas na generalidade destes casos foi uma solução de raíz. Não resultou de fusões ou extinções de organismo já existentes.O que, no caso português, aumenta o grau de complexidade é a circunstância de fundir organismos com histórias, culturas,práticas e agentes sociais muito distintos.E essa dificuldade começa a partir de agora.Produzir um diploma é fácil. Dar vida a um organismo novo bem mais dificil.
A mesma dificuldade temos quando hoje somos confrontados para encontrar outras soluções perante a asfixia da ditadura da conjuntura. A necessidade de diminuir a despesa publica tornam quase insólita a defesa de outras soluções que, no curto prazo, dificultem esse objectivo.Passámos de uma situaçâo em que se discutiam as gorduras do Estado, para uma outra que, em nome desse objectivo,se procura reduzir, sem o assumir, as funções do Estado.Não as alterando, mas encolhendo o seu cumprimento.E do combate ao despesismo passámos para uma contabilidade de curto prazo, em se avalia a economia de custo das funçôes do Estado sem preocupação sobre o efeito na qualidade do serviço que se presta. E como sabemos da experiência da vida ,por vezes, o barato sai caro.
É uma ilusão supor que aquilo que estamos a assistir é uma reforma do Estado.Ou à eliminação de gorduras dispensáveis poupando dinheiro como a eliminação de um certo número de cargos dirigentes.Ou que se está a racionalizar o Estado para o tornar mais eficiente.O que está a fazer, por força da conjuntura, é cortar a eito encolhendo o Estado.Nada garante que não continue a gastar mal o dinheiro.Quando muito vai gastar menos.O que vai resultar no final deste desespero ninguém sabe.
Não se aguarde,por isso, do novo organismo, a capacidade de criar novas políticas ou de profundas inovações.O anterior governo deixou as coisas de um modo tal que não tem ,no imediato,muitos motivos para poder falar.E o actual governo ,embora dissesse que não ia falar do passado para justificar a governação do presente, não fez outra coisa nas duas audições parlamentares a que foi sujeito.Agora é facil malhar no governo anterior. Díficil foi fazê-lo enquanto oposição.Mas o tempo rápidamente se encarregará de reduzir/alterar estas lógicas.
A actual governação só para arrumar a nova casa vai precisar de muita arte e engenho.E recursos humanos e financeiros.Sobra-lhes pouco tempo para o resto.E esta avaliação nada tem de demérito quanto à capacidade e competência das pessoas.Mas a uma realidade muito concreta que é pesada e complexa.Como aspecto positivo o facto de quem tutela estas àreas não apresentar quaisquer receios para a solução que adoptou.Pelo que as expectativas são elevadas. E mais tarde políticamente cobradas.

29 comentários:

Anónimo disse...

O mesmo raciocínio é aplicável às Federações.
A ideia de atribuir às Federações competências que vão além do desporto federado, ainda por cima em época de cortes na despesa e nos recursos humanos só pode dar mau resultado.
A prática desportiva informal para além da formação de desportistas muito jovens, não pode nem deve ser responsabilidade federativa (incluindo associações regionais e clubes federados).
Deve ser responsabilidade das autarquias e eventualmente de agremiações que não se dediquem ao desporto federado.
E não se devem misturar ou diluir, de forma demagógica, responsabilidades diferentes, com objectivos distintos.

Anónimo disse...

Este anónimo das 10.31 igual-se a um certo LL.

Anónimo disse...

É triste: já quase só há anónimos nesta Colectividade...
Uma colectividade secreta?

Anónimo disse...

É a crise...pois é.

Kaiser Soze disse...

No contexto actual, infelizmente, não vejo outra solução que não seja tomadas de decisão, todas ou quase todas, a curto prazo e a um palmo do nariz.
Será uma verdade quase inolvidável que tal não é desejado e que poucas vezes poderá trazer bom resultado mas a conjuntura e o estado a que chegamos não me parece que se compadeça com ideologias, pensamentos estratégicos ou macro. É tudo para ontem.

Até agora, julgo que o português médio entende que tem de levar cortes na pele para evitar a proverbial facada definitiva e isso muito beneficia o actual governo que poder, livre de críticas (na minha opinião), dizer que o gajo-com-nome-de-filósofo-mas-apenas-o-nome nos arrastou, a passos largos, para aqui.

Concordo que não é forma de um país evoluir mas, neste momento, estamos a tentar não regredir mais ainda.

joão boaventura disse...

Há muito tempo que se vive a época da banalidade:

Na referência “Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal” de Hannah Arendt

No “Direito Penal do Inimigo” de Günther Jakobs perfilha a punição com base no autor e não no acto porque, se infringe persistentemente o contrato social deixa de ser cidadão do Estado por estar contra ele, logo, sendo inimigo, o Direito Penal do Inimigo transforma as normas penais num instrumento de banalização, ou seja, essas leis reproduzem a “Banalidade do Mal”, porque o cidadão comum é contemplado pelo Direito Penal Comum.

No Banal nationalism, de Michael Billig.

Será a todos os títulos interessante a leitura do artigo, de Anthony King, Nationalism and sport, a pp 249-259, ínsito no volume “The Sage Handbook of Nations and Nationalism”, de Gerard Delanty e Krishan Kumar, da editora Sage..

No espaço social banal que deve ser o direito de todos terem o seu espaço social, como é o caso de homossexuais, lésbicas e transsexuais.

Não se pode falar dos direitos banais conferidos às formas de economia ligadas ao feudalismo, pelo forte controlo dos meios de produção, por já abolidos no séc. XIX, embora os nossos deputados ainda discutissem se o direito dominical também seria de eliminar como o direito banal (Sessão das Cortes de 21.03.1822, in Diário das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa. Segundo Ano da Legislatura, Imprensa Nacional, Lisboa, 1822), mas faz-se a referência como pista ancestral da banalidade ou trivialidade.

Isto, porque a banalidade do quotidiano que acompanha a humanidade ao longo dos séculos, terá sido, como ainda hoje é, apenas a continuidade negada dos processos banais ocorridos no passado – há um dia, há um mês, há cinco anos ou há séculos - mas a preparação para o que há-de vir.

Também a crise actual já não representa a banalidade do mal financeiro, ou a banalidade do mal político, mas tão somente mais uma ou duas adjunções aos males da banalidade.

E o mal da sociedade banal está em ter-se inscrito na banalidade geral em que ela caiu. A banalidade é a impunidade da justiça, a indiferença ao desregulamento, a assistência do desbaratamento como um espectáculo que, pela sua sordidez também entrou no espaço banal.

Supõe-se, posto isto, que a actual e banal Troika – e banal porque vai entrando nos hábitos – pode igualmente

Assim igualmente, a banalidade das eleições, a banalidade de mudanças de governo e de rostos; a banalidade do direito desportivo em permanente mutação porque as políticas são diferentes, os dinheiros escasseiam, logo, tudo tem de mudar porque também existe a banalidade da mudança. A banalidade da governação. Daqui não ser espanto que tudo mude, mas como ainda não há grandes chamans, como Dostoiewsky, Mirabeau, Hoderlin nem bruxos, só nos resta encarar o novo e banal cenário e esperar que os actores desempenhem o seu papel.

O tempo será o melhor juiz.

joão boaventura disse...

Caro Kaiser Soze

Concordo quando refere que:

"Até agora, julgo que o português médio entende que tem de levar cortes na pele para evitar a proverbial facada definitiva e isso muito beneficia o actual governo..."

Exactamente como o nosso Presidente da República que reclama o tempo de os sacrifícios caber a todos... mas não a ele que foi passear às ilhas dos Açores com trinta acompanhantes.

O que representa,nos tempos de hoje mais duas banalidades:

1.ª - a banalidade de pedir sacrifícios aos outros, sem os fazer;
2.ª - a banalidade de esbanjar dinheiro do erário em passeios com trinta amigos, em tempo de crise.

Anónimo disse...

A regressão desportiva, muito profunda, é inevitável.
O estado financeiro do país conduzirá inevitavelmente à bancarrota e/ou à saída do euro e a um trágico abaixamento do nível de vida da população.
A verdade dos números, inexplicavelmente, tem sido escondida pelos políticos e pelos economistas, para não provocar tumultos de rua.
Os portugueses andam a ser enganados.
É que o défice, que já ultrapassou largamente os 100% do PIB e as dívidas pública e privadas não páram de se agravar e muito, mesmo já com este governo.
Nem que os ordenados (todos) fossem reduzidos para metade a situação mudava, tal o abismo financeiro e económico em que nos deixámos cair.
Neste contexto, a discussão sobre todos os outros assuntos, incluindo políticas desportivas, não faz sentido algum.

joão boaventura disse...

Caro Anónimo de 25 de Setembro de 2011 11:02

Perante o comentário tecido já é possível juntar ao acerbo da banalidade outras banalidades que se listam:

- a da regressão desportiva
- a da bancarrota
- a do défice ir além dos 100% do PIB
- a do agravamento das dívidas
- a das dívidas escondidas
- a do abismo financeiro
- a da discussão de assuntos

A que se podem juntar:

- a do Processo de Bolonha
- a dos Centros de Novas Oportunidades
- a das fraudes em trabalhos académicos-1, e continuação.
- a das audições da Comissão de Educação, Ciência e Cultura, onde se entra ignorante e se sai mais ignorante.

E, finalmente, a banal banalidade.

Anónimo disse...

Alienação e vozes derrotadas, é o que por aqui se vê. Aliás, como quase sempre.

Qual dívida? Onde estão as pessoas a quem devemos? Quem reclama aquilo que se diz que devemos? Já lhes viram as caras? Moram em que rua e em que número-de-polícia? Perdoem-me o sorriso, mas é ingenuidade a mais para o tom tão sério com que aqui escrevem.

Podemos plantar e colher o que necessitamos para comer, para amar, para nos reproduzirmos e para imaginar o futuro? Então, na medida disso que somos ou não capazes, temos o cálculo daquilo que efectivamente devemos. E se sentirmos as nossas mãos, se as sentirmos bem, talvez a dívida seja muito menor, ou até nem exista.

Quantos aqui viveram numa aldeia pobre de Portugal antes de 1970? Daquelas que não tinham luz eléctrica, nem médicos, nem escolas? Perdoem-me o sorriso.

Esses que se reclamam prejudicados devem ser poucos, porque os muito ricos são poucos, e os pobres como nós são muitos. E este rácio não é diferente desde os primórdios humanos. Nada mudou muito, nem nada do que agora parece novo o é.
Portanto é fácil, basta que esse quem (a quem devemos) desapareça para deixar de haver dívida. Eram poucos os que desapareciam, para o imenso sacrifício de milhões de milhões. Bastava haver uma votação democrática, porque na Democracia a regra é a maioria vencer.

Já olharam bem para os olhos das jovens e dos jovens que estão nas caixas registadoras, por exemplo dos supermercados? Viram como sofrem por os 400 euros não darem para transformarem o destino pobre dos filhos? Viram como, pouco a pouco, perdem a esperança de terem uma hipótese de Vida? Até dá vontade de sorrir com a ingenuidade dos que aqui escrevem sobre o papão da dívida, e acham que há “crise”.

A dívida está resolvida. Como sempre esteve desde os primórdios. Quem empresta sabe muito bem que não vai ser reembolsado. Fá-lo intencionalmente. Fá-lo hoje, como sempre o fez desde os primórdios da usura, que marca o começo da civilização humana. Fá-lo para obter, com a submissão do que se considera devedor, algo mais importante do que ser ressarcido. Fá-lo com o objectivo de submeter o Outro.

Portanto ninguém está à espera que paguemos o que dizem que devemos. Esses poucos, estão à espera de haver muitas vozes como estas que aqui se começam a submeter e a vergar, alienadas e fracas, para que na votação “democrática” vençam as regras do «Tratado de Submissão» que vamos ter que assinar em troca da pretensa dívida.

Portanto a pergunta é: o que é que V. Exas. vão dar aos conquistadores em troca daquilo que vos dizem que devem?

Um dia houve Portugal, mas o tempo dirá por quanto tempo mais.

Funcionário do Estado

Anónimo disse...

Caro João Boaventura,

Acrescento mais uma banalidade à sua lista:

O Funcionário do Estado, ele mesmo.
Uma banalidade confusa e baralhada, cujas ideias já não são sequer entendíveis.

Anónimo das 11.02

Anónimo disse...

PARA O ANÓNIMO ANTERIOR:você não compreende o que o Funcionário de Estado filosofa e chama-lhe banalidades porque nunca leu a folha A4 onde está tudo o que o desporto português carece.

Colega do funcinário do Estado

Anónimo disse...

A leitura do diploma que "funda" o novo IDJP revela um facto óbvio. Despejaram meia/dúzia de banalidades avulsas para cada uma das vertentes sobre as quais a tutela quer demonstrar preocupação.
Como todos sabem já há muito que o desporto e a juventude estão sob o mesmo "chapeu político". Lembram-se das muitas declarações políticas proferidas pelos responsáveis sobre os assuntos da juventude? Eu também não. Para mim sempre foi óbvio que a juventude era um ente não querido mas sim indesejado ou, melhor, ignorado. Também sempre foi óbvio que mesmo que nada se faça pela juventude ninguém dá por isso. Talvez as "Jotas" se manifestem de vez em quando, mas nada mais do que isso.
Curiosamente, quem, talvez, mais se tem batido pela juventude tem sido, precisamente, o desporto.
Uma ideia básica e, certamente, simplista, que cabe em meia folha A4 seria a seguinte: O IDJP define a sua estratégia para o desporto português e conclui que o desporto juvenil é uma das áreas mais carenciadas do desporto nacional. Desenvolve com os seus parceiros estratégicos um programa de apoio, consequente, neste domínio. Se o fizer alcança o "Dois em Um". Ataca um problemas crónico do desporto português e nunca poderá ser acusado de não se dedicar aos problemas da juventude.Como podem ver nem é preciso uma folha A4. Poupa-se no papel e dão nas vistas em tempos de penúria.
Saudações cordiais.

Fernando Tenreiro disse...

Esta última parte está fora do que escreveu Joaé Constantino e o que é igualmente interessante é que o dito funcionário do Estado tem a liberdade e o benefício da dúvida de se exprimir que no passado negou a quem não concordava com 'a voz do dono'.
A propósito, o trauma nas hostes da anterior direcção do Estado foi tão grande que em duas audições apenas conseguem ir a reboque e falar das facturas e não conseguem falar de novas políticas para o país.
Será que o meu colega Funcionário do Estado podia dar uma ajuda ou será que ele já a dá com os 'bons' resultados que se observam?

Kaiser Soze disse...

Caro João Boaventura,

Concordo com o que diz sobre o PR e acho, até, que foi benevolente. Há exemplos manifestamente piores do que PR não anda a fazer ou nunca fez para evitar estragar a maquilhagem.

Caro anónimo que defende ignorar a dívida,

não tenho tantar certezas quanto a essa impossibilidade mas admito que tal possa acontecer.
O que me preocupa, de sobremaneira e sem sorriso nos lábios, é voltar à aldeia sem luz nem água. Isto é que entendo dever ser evitado a todo o custo.

Quanto a esta coisa da usura por parte do demónio comunista que é o banqueiro, será útil saber se andamos a pedir-lhe dinheiro ou se nos apontaram uma arma à cabeça para o aceitarmos.
É uma festarola isto de andar a pedir a pedir, sabendo o que se pede, e depois a culpa ser de quem empresta.

É como dizer que a besta é a Troika. Alguém os chamou porque já não tinha o que pôr na mesa.

Armando Inocentes disse...

Afinal não é verdade que quase só haja anónimos nesta Colectividade...

Mas o mais importante é que este debate até nem é uma banalidade!

Veja-se o que diz o SE do Desporto ao jornal «A Bola» a 24 do corrente: «Defendo que as organizações devem ser autónomas. O Estado só deve intervir se for um valor acrescentado».

Leia-se nas entrelinhas...

joão boaventura disse...

Caro Funcionário do Estado, de 25 de Setembro de 2011 22:27

Quando alude e destaca que “Alienação e vozes derrotadas, é o que por aqui se vê” esquece que vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos temos o mesmo horizonte, como é bem de ver, donde se deduz que o Funcionário do Estado está a viver o seu mundo banal, e os derrotados, a sua banalidade. E por muito que lhe custe tem de viver com o que cada um escreve.

Lembre-se que “escrever é tentar saber o que é que escreveríamos se escrevêssemos” (Marguerite Duras, “Écrire”) ou, mais a propósito, “os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo“ (Ludwig Wittgenstein, “Tractatus”)

Depois, no horizonte do seu mundo, pergunta onde estão as banais dívidas e os banais credores, porque responde, em tom de "alienação e de voz derrotada":

“Aliás, como quase sempre… Quem empresta sabe muito bem que não vai ser reembolsado. Fá-lo intencionalmente. Fá-lo hoje, como sempre o fez desde os primórdios da usura, que marca o começo da civilização humana. Fá-lo para obter, com a submissão do que se considera devedor, algo mais importante do que ser ressarcido. Fá-lo com o objectivo de submeter o Outro.”

É evidente que ninguém sabe onde estão as dívidas porque, como esclareceu o sociólogo Simmel, “o Estado é um rei clandestino”, e nem que o prezado Funcionário Público viva cem anos, nunca o saberá. São segredos banais dos banais deuses.

Quanto à asserção de que o objectivo dos credores é obter a submissão do devedor, tem total e banal razão, porque se compagina com o que Eça de Queiroz escreveu e disse quando referiu que o primeiro país a desaparecer do mapa deveria ser o banal Portugal.

E depois dele já alguém tinha adivinhado o futuro do mundo, o célebre historiador inglês Arnold Toynbee (1889-1975), autor da monumental obra, em cinco volumes “Um estudo de história”, condensado num só volume pela Editora Ulisseia, em 1964, traduzido e prefaciado pelo Prof. Vieira de Almeida:

“Creio na iminência de um mundo único, e creio que no século XXI a vida humana vai ser novamente uma unidade, em todos os aspectos e actividades. Creio que no campo da religião, o sectarismo vai ser subordinado ao ecumenismo; que no campo da política o nacionalismo vai ficar subordinado ao governo mundial; e que no campo do estudo dos assuntos humanos a especialização vai ser subordinada a uma visão abrangente.”

Como vê, Toynbee viu mais longe ainda, uma subordinação ao governo mundial, e cuja auto-estrada já tinha sido prevista por Lenine quando alvitrou que a União Europeia, ou não se faria, ou, a fazer-se, sê-lo-ia pela Alemanha.

E aí tem o segundo troço da auto-estrada com a chanceler alemã a distribuir galhardamente os banais euros, e a opinar que teremos de começar a perder a soberania para entrar no rol das banalidades: a banal soberania que é o segundo passo depois do banal nacionalismo.

Portanto, o Funcionário Público acaba por vislumbrar um futuro negro como os restantes comentadores. Está no bom caminho. E vamos encontrarmo-nos possivelmente, como no Pingo Doce, a comparar e comprovar que o “governo mundial” será melhor que o “governo europeu”.

Armando Inocentes disse...

O futebol não precisa de valor acrescentado…

Logo, federação que não “produz” e não se sustenta a si própria pode…

Só mais uma achega:

"Se os países [com défice] não cumprirem os próprios compromissos, terão de abdicar de uma parte da soberania."

Angela Merkel. Jornal de Negócios, 27/09/2011

joão boaventura disse...

O que disse Mia Couto sobre o medo

"Vivemos como cidadãos e como espécie em permanente estado de emergência, como em qualquer outro estado de sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade pode ser suspensa. Todas estas restrições servem para que não sejam feitas perguntas (...)".

Para saber tudo, nada como ouvi-lo nas Conferências do Estoril 2011.

Anónimo disse...

A questão da usura não tem nada a ver com ideologias. Não tem nada a ver com comunismo, liberalismo, esquerda, direita, com Keynes ou Marx, com fisiocratismo ou sociologismo do Estado-central, com quem é poder ou é oposição, com banqueiros ou assalariados, etc., e outros dislates simplistas deste tipo. A usura é uma forma de obter poder que vem dos primórdios da humanidade. Até já vem relatada na metáfora entre Caim e Abel. Negar essa evidência, não a evita.

Basta ler, hoje mesmo, os jornais europeus. O que dizem os franceses sobre a sua dívida? O que dizem os italianos sobre a sua dívida? E os espanhóis? E os britânicos? E os alemães? Já leram o que dizem eles de si próprios relativamente às dívidas que têm? Pois é.

Ora se todos têm essas dívidas imensas (para não falar dos EUA e do Japão), se todos vão crescer pouco, se o desemprego vai subir, se a população mundial vai crescer exponencialmente, é impossível pagar as dívidas nos próximos 20 anos. E a constatação que fiz não tem senão lógica.

Se os países ricos têm todos dívidas gigantescas, onde está «o quem» a quem todos devem? Ou, dito de outro modo, o pagamento da dívida resolve-se por acordo político; por um tratado para a não pagarem, já que os accionistas são simultaneamente os devedores e os credores.

Se a Europa tivesse tido juízo no pós-guerra, quando era possível construir uma unidade política em cima da unidade militar que a NATO ainda é, isto não acontecia. Mas não. Separaram o dólar do euro. Os ideólogos do Norte da Europa armaram-se em que podiam fazer uma União Europeia prescindindo dessa unidade atlântica, e agora estão todos aflitos, e quem paga são os fracos e os ditos ‘periféricos’, que caíram na tonteria dessa aventura pseudo-europeia. Aqui no nosso burgo foi o Soares que nos meteu nessa patranha. Virou-nos o traseiro para o mar, e a boca para o crédito fácil e a boa vida parisiense. Que junto com o golpe que o republicanismo deu na unidade de Portugal, e com os sucessivos roubos ao erário público pós-25 Abril, nos delapidaram.

Portanto não venham para aqui criticar este Governo. Nem os próximos dois anos que vão ser dramáticos para todos nós. Todos temos culpa, e todos temos que ser capazes de nos superarmos.

No Desporto há possibilidade de fazer coisas boas, produtivas, benéficas para o país, mesmo com as dificuldades e com a escassez de recursos. O que é preciso para o conseguirmos são boas ideias, em folhas A4. Ora, até ao momento só vi em cima da mesa a minha folha A4. Quando é que vemos as vossas?

Não há tempo para cobardias. Não se acanhem, vá lá, ponham as folhinhas A4 com as vossas soluções cá para fora, por exemplo ao dispor do IPDJ. Até podem mandar um e-mail ao presidente com as vossas doutas soluções. Ou em alternativa, façam o Congresso da Colectividade Desportiva e metam-nas numa urna no final da cerimónia.

Funcionário do Estado

joão boaventura disse...

Caro Funcionário do Estado

Quando diz:

"Ora, até ao momento só vi em cima da mesa a minha folha A4. Quando é que vemos as vossas?"

Também se pode dizer:

"Ora até ao momento não vi em cima de nenhuma mesa a sua folha A4. Que razões se aduzem para que se mostrem as nossas ?"

Como a folha A4 é clandestina ninguém vai fazer folhas clandestinas A4.

Alimente-se a esperança de a colocar um dia em cima da mesa do Governo, porque já se viu que em cima da mesa do Funcionário do Estado, a folha fica estática e inerme.

Desta forma acabava~se com este banal mistério de folhas A4 escondidas, com honra e glória para o Funcionário do Estado.

Assim, só se a intenção é a de publicitar o seu produto simplex, na esperança de que chegue aos ouvidos do Governo, e que este se apresse a pedir-lhe encarecidamente a folha A4.

Anónimo disse...

Será que há aqui vários anónimos "Funcionários do Estado"? Quantos?
Eu estou convencido de que praticamente todos os que escrevem aqui o são, anónimos ou não.
Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são "Funcionários do Estado".
Mas com uma folha A4 só há um.
Por que razão ele não mostra aqui o que escreveu na folha?

Anónimo disse...

A fola A4 está arquivada e faz parte do espólio do Museu do Desporto.Será exposta,em vitrine adequada logo que aberto ao público.

Colega do Funcionário do Estado

Anónimo disse...

Reunam-se todos para um café (esse hábito de Funcionário do estado) e resolvam lá isto.
Convidem também alguns senhores que não sendo funcionários do estado parecem (COP e CDP).

Anónimo disse...

O COP e a CDP existem ou fingem que existem?

joão boaventura disse...

Afinal o problema está resolvido como diz o Anónimo de 28 de Setembro de 2011 11:17:

"A folha A4 está arquivada e faz parte do espólio do Museu do Desporto.Será exposta,em vitrine adequada logo que aberto ao público."

O significado que se tira deste arquivamento é o da sua impossível implementação, pelo que se arquivou no Museu das Banais Impossibilidades mas, considerando que a existência de um Museu do Desporto, não passa de uma posição de banal potência, impossibilitada de passar ao banal acto, a Folha A4 manter-se-á no segredo dos deuses.

Desconhece-se se é a modéstia do autor que não lhe permite divulgá-la, o que só lhe ficaria bem; ou se é o medo da “Alienação e vozes derrotadas, é o que por aqui se vê”, o que lhe ficaria mal porque se passar uma vista de olhos pela imprensa portuguesa também por ali só se fala na negritude da derrota.

Termino com Suetónio:

"Acta est fabula

Cordialmente

Anónimo disse...

Há folhas A4 como a Tabela Periódica, ou o mapa de uma cidade que permite a orientação por um espaço, ou um algoritmo de um programa que acciona milhares de instruções numa fábrica, ou um projecto de arquitectura, ou um cronograma de planos e projectos de engenharia, etc., etc. São folhas A4.

Aquela que aqui se refere diz respeito a uma proposta para o desporto. Não é uma obrigação legal ou inquisitória. Foi apresentada formalmente sob a designação de “proposta n.º 1543/PCM/2008, de 24/06/2008”. Foi analisada por várias pessoas, com muito anos e muitos cargos de responsabilidade no desporto português. Foi um acto público. E foi elogiada e criticada. Teve apoiantes e opositores. Uma pequena parte foi adoptada, a maior parte não foi implementada.

Uma proposta é uma sugestão, é uma ideia, é um acto de partilha e de cooperação com quem se trabalha, não é um crime. Não é marcar o ponto, e deixar quem manda que se amanhe. É uma iniciativa, que só pode prejudicar quem a toma, razão pela qual o temor de as apresentar é imenso na geração educada pelo Salazar.

Por isso é que ainda não vimos as outras folhas A4. Folhas A4 idênticas a essa. Isto é, com propostas para o desenvolvimento do desporto em Portugal, e para o novo modelo de relação entre as instituições do movimento associativo desportivo, o Estado, a iniciativa privada, e a comunidade dos cidadãos concretos que vivem actualmente em território nacional. Está lá também uma outra via para se obter financiamento, para se ser competitivo, e para as federações acautelarem o futuro a curto e médio prazo. Estão lá os passos a dar, e o custo da sua implementação.

E, ao vermos como recentemente as opiniões estão a mudar, até de pessoas como JMConstantino, e outras, apetece sorrir.

Os que julgaram apressadamente o enterro da folha A4 talvez venham a ter uma surpresa.

Continuam teimosamente a não mostrar as vossas folhas A4. Que, pelo que constantemente apregoam, devem ser muito melhores. Portanto, não se percebe qual é o problema…

Funcionário do Estado

Anónimo disse...

E eu a pensar que ele ia mostrar a folha A4.
Grande desilusão...

Anónimo disse...

Ilusões...

Acabem com isto, pois a folha de A4 já foi pela sanita abaixo há muito!