domingo, 24 de janeiro de 2010

Imaginem...

Imaginem que existia um jornal desportivo que apresentava nas suas capas apenas os resultados das competições - e não apenas de futebol -, as afirmações construtivas das entrevistas realizadas a todo o tipo de agentes desportivos, planos desportivos das Associações, Federações, Clubes, SAD's, etc., um misto de vários jornais, com opiniões de pessoas do desporto e não de agentes da sociedade que ao falarem de futebol e não de desporto, perdem totalmente a sua compostura sempre que falam do seu clube.

Nem precisava de ser um jornal diário, talvez duas ou três vezes por semana. Recuperando as três vezes por semana do jornal 'A Bola', que era à 2.ª feira, 5.ª feira e Sábado, ou do 'Record', 3.ª feira, 6.ª feira e Domingo.

Não fazia da sua prioridade imagens de túneis, viagens oferecidas, erros de arbitragem. Dos maus e pseudo 'mindgames' realizados pelos treinadores e dirigentes desportivos. Da listagem enorme de jogadores falados mas que não chegam a assinar nem a viajar.

Imaginem...será que tinha alguma procura? Se sim, quem os lia? Quem os comprava? Que tiragem atingiriam?

Isto porque me parece que, com maior ou menor perspicácia e congruência, outros jornais diários que não 'desportivos', têm conseguido ultimamente atingir um patamar bastante equilibrado do que 'importa' informar ou não. Que remetem para a importância que a notícia deve possuir de boatos e frustrações, independentemente da sua cor.

Também aqui precisamos de uma alteração do conteúdo das informações que deveriam fazer capa e do processo. Infelizmente, e para quem tem como hábito ler alguns dos diários desportivos, a qualidade neste campo abordado no post, tem vindo a decrescer e a uma velocidade quase vertiginosa.

11 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rui,

Na altura que os jornais não eram diários, possivelmente haveria uma concentração de mais e melhores notícias para as únicas vezes que eram publicados.

Actualmente, e com o nosso 'habitué', respondendo à sua engraçada...não, não eram vendidos.

HP

Luís Leite disse...

A questão está precisamente em "quem" lê jornais desportivos.
O problema é cultural, por erros sucessivos na área da Educação nas últimas 3 décadas.
A maioria da população portuguesa, não sendo agora totalmente analfabeta, é todavia analfabeta funcional.
O "analfabeto funcional" (AF) é socialmente muito mais pernicioso que o analfabeto total (AT), porque tem habilitações escolares que não correspondem aos seus conhecimentos reais. Portanto, não é humilde e está convencido que é igual aos que não são AFs.
No fundo, não sabe que não sabe, enquanto antigo AT sabia que não sabia. Sem ter culpa, é um idiota, vítima de um sistema "politicamente correcto" e que agora até dá diplomas de "novas oportunidades".
O AF não sabe multiplicar por dois sem calculadora nem distingue o este do oeste. Nada sabe de História ou Geografia. Mas tem o ensino básico concluído, frequência do secundário e nalguns casos é universitário.
O AF o alvo preferencial dos jornais desportivos, que são um negócio como qualquer outro. O que é preciso é vender jornais.
A estupidificação da população não é um acaso conjuntural. É uma necessidade estrutural desta democracia virtual e falida. Para que se "safem" os "mais espertos".
Mas o mais estranho é que também há muitas "elites" mais ou menos cultas que continuam a comprar "estes" jornais desportivos. Porquê? Porque no fundo não são verdadeiras elites.

Anónimo disse...

O mais interessante neste Blog é que andam por aqui pessoas que dão ao desporto a importância que ele não tem neste País!
Talvez não sejam as mesmas iniciais de antigamente (FFF) mas o F de futebol certamente não acabará por aqui! O resto.....é paisagem!!

Rui Lança disse...

Caro HP,

Talvez essa seja uma das possíveis razões, mas temo que não seja a única nem a principal.

Cumps,

Rui Lança disse...

Caro Luís Leite,

Se me permite, concordo com algo que diz - é de facto transversal - mas também não concordo com os 'rótulos' que se dão às pessoas que gostam ou procuram ler os jornais. Poderíamos então pegar em quem escreve? Em que lidera? A tal questão de mercado, lê-se porque é o que há? Ou coloca-se no jornal as notícias que as pessoas querem mesmo ler?

Mas não duvido que pudessem estar aí algumas alterações a realizar rapidamente...

Cumps,

Luís Leite disse...

Caro Rui Lança,

É, de facto, uma questão de mercado.
Dá-se ao povo aquilo que o povo quer, neste caso, ler(?).
O império romano inventou a prática de "pão e circo" que sempre foi usada pela maioria dos regimes para estupidificar e manipular as populações.
Para tal, foram construídos centenas de recintos, em se dava ao povo aquilo que satisfazia os instintos mais primários e bárbaros.
O povo, analfabeto, agradecia e distraia-se do fundamental.
No nosso caso, a culpa não pode ser imputada aos directores dos jornais, que lideram um negócio que tem que dar lucro.
Os responsáveis, caro amigo, estão na política em geral e na Educação em particular, como referi.
A leitura de jornais desportivos só encontra paralelo nas revistas cor-de-rosa que exploram a cuscuvilhice e o espreitar a vida alheia.
Seja como for, é sabido que as maiorias, em qualquer país, são sempre tendencialmente incultas e primárias. Só que há países em que se procura e consegue remar contra a alarvidade com sucesso.
Não é o nosso caso, o que faz, por exemplo, com que persistam os fenómenos de vandalismo inerentes às claques futebolísticas, que não se vêem nos países civilizados.

josé manuel constantino disse...

Deixem-me entrar nesta discussão dos jornais desportivos para vos dizer que tenho interrogações para as quais não encontro resposta.
A população do Brasil tem 190 milhões de pessoas. Vivem o futebol como poucos países. Não há um único diário desportivo. Mas há uma imensa bibliografia e edições sobre o futebol em particular e sobre o desporto em geral.
A população de Portugal estará avalida em 11 milhões: há três diários em que o grosso das noticias é sobre futebol. Dois deles têm das maiores tiragens/ vendas da imprensa escrita. A bibliografia editada sobre o futebol é pouca e sobre o desporto em geral é residual.
Como explicar este aparente paradoxo?

Rui Lança disse...

Sinceramente considero não existirem grandes explicações (lógicas, pelo menos) para este fenómeno.

Lembro-me de Sir Bobby Robson dizer meio a brincar meio a sério que para se imaginar a importância que o povo português atribuía ao Futebol (e tudo aquilo que arrasta de bom e de mau) era imaginar um inglês sem cricket, chá das cinco, ténis, wembley, rugby, etc....e aí estava, 'apenas' existia o Futebol.

Sei que este 'apenas existia' é falso, mas é a mensagem que passa e por isso, muita falsa não deverá ser.

Cumps,

Luís Leite disse...

O fenómeno "clubite", uma infecção neurológica sem cura, é resultado unicamente da falta de outros interesses nos tempos livres que sejam fáceis e não exijam esforço, como acontece com as temáticas futebolísticas.
A clubite é irracional.
O problema português é educacional e consagra-se no facilitismo e no nivelamento por baixo que alastrou a todas as actividades.
Considero mais preocupante o baixo nível intelectual de determinadas elites com formação universitária que consomem (ou participam em)programas televisivos do dia seguinte ou tempo extra e que escrevem para os nossos jornais desportivos, que a normal alarvidade das massas incultas.

Anónimo disse...

Oh Sr. Luis Leite
Não sei quem V. Exa é nem o que faz mas para o efeito não interessa. Essa da irracionalidade aplica-se seja ao futebol, religião, música, etc. E mais vale estas clubites que entrar num hipermercado e desatar aos tiros para aliviar o stress! V. Exa não deve ser intelectual, nem pertencendo às massas incultas, nem deve ter stress, pelo que presumo, daí, que V. Exa é mais um daquels que não faz "pevide" mas sabe mandar umas bocas sobre umas coisas, penso eu de que! E a atarsadisse mental que é a TV só é vista por quem quer, uns porque não precisas de seforçar o cérbro, outros por inveja dos que lá vão, como deve ser o seu caso!? POr aqui também há umas "clubites" que dizem por vezes umas "alarvidades" como se tiveseem a dissertar uma tese! E se a Universidade produz "analfabetos funcionais" a culpa é de quem os ensina! Olhe, pessoalmente já conheci muitos "analfabetos funcionais" vindos do INEF/ISEF/ou o que seja agora o dito cujo. E o desporto é uma daquelas áreas em que toda a gente sabe da matéria, portanto, imageine os "analfabetos funcionais que por aí e por aqui andam.

Luís Leite disse...

Oh Sr. Anónimo,

Quanto a irracionalidade, alarvidades e analfabetismo funcional, depois de o ler, estamos conversados!