sexta-feira, 30 de maio de 2008

“O monstro alfacinha”

A propósito do novo mapa judiciário, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) levantou uma questão pertinente num parecer divulgado antes de ontem:

“Como se vai gerir o monstro alfacinha, com elevados níveis de concentração populacional e funcional?" (vide p. 4 do respectivo parecer)

Ao ler este documento e quando me confrontei com esta inquietação e este alerta do SMMP, transferi de imediato o meu pensamento para a realidade desportiva, seguindo para outras áreas como a saúde, a economia, a cultura, ou a educação. Porque será?

As histórias verídicas que me vão contando muitos colegas do Desporto, do Direito ou de outros sectores sociais e que, sublinhe-se, não são produto da ficção ou fantasia prodigiosa de mentes brilhantes, narram acontecimentos, casos e realidades que definham, mirram e encolhem cada vez mais a nação portuguesa.

Atentemos, por ora, apenas no desporto. Basta ouvirmos o que se passa com muitas associações regionais ou distritais do País, basta deslocarmo-nos ao interior, seja a norte ou a sul, e falarmos com os responsáveis associativos, empresariais ou autarcas, basta verificarmos o que vai acontecendo a muitas delegações ou "ramificações" do Instituto do Desporto de Portugal.

Basta…, …!!!!

De facto, esta minha preocupação respeitante aos enormes desequilíbrios e assimetrias regionais já tem muitos anos. Comecei a interiorizá-la quando viajava frequentemente para Lisboa, mas simultaneamente percorria o País lés-a-lés e rumava além fronteiras.
Só quem quiser continuar a ser cego e a fazer ouvidos moucos, é que pode persistir neste jogo enganoso de tentar evidenciar, ou de se convencer, que existe entre nós um desenvolvimento próspero, paulatino, geográfica e socialmente equilibrado.

É evidente que esta mentira não tem pernas para andar mas, infelizmente, e de forma obstinada, teimam em sustentá-la.

Portugal está cada vez mais concentrado e centralizado na sua capital, mas descansem que hoje não volto ao tema da macrocefalia institucional e da falta de estratégia desportiva. Contudo, não posso finalizar este texto sem deixar este pensamento:

"Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam" (Edmund Burke).

13 comentários:

Anónimo disse...

Pois é professora eu que nasci em Mirandela no distrito de Bragança sei bem do que está a falar...pois nós somos o distrito continental mais afastado da capital.

O aluno:

Paulo A. - MGD

Anónimo disse...

Creio que o seu monstro é o mesmo do de Lisboa.
O Governo irá vender o complexo desportivo da lapa o qual representa a vários títulos um benefício para o bairro da Lapa e para o desporto.
A venda para condomínio de luxo é irrisória, olhando para o dinheiro que o Estado recebe, e para a população local actual mais um incómodo pela aglomeração de novos habitantes, numa zona da cidade já consolidada.
Num logradouro no mesmo bairro, a marinha resolveu fazer um prédio de 5 andares que o IPPAR aprovou e a Câmara Municipal de Lisboa diz não ter nada a ver.
É este tipo de governação que afecta a capital e é o monstro que vivendo em Lisboa afecta todos os portugueses.

Maria José Carvalho disse...

Caro Paulo,

Não é com satisfação que registo o seu descontentamento misturado, eventualmente com revolta e augústia, porque isso o faz sofrer, assim como a muitos outros/as. Eu que vivi praticamente um ano no distrito de Bragança (Vinhais) bem sei, porque senti, os problemas da interioridade. Contudo, também sei que o Paulo é um dos que tem capacidade para, além de denunciar tais injustas e discriminatorias situações de vida (desportiva), ultrapassar alguns problemas e apresentar soluções mais positivas para o futuro. Desafio-o também a escrever um texto acerca deste assunto, enriquecido pela sua vivência em concreto e participe neste blog, enviando-o para publicação. Até breve.

Maria José Carvalho disse...

Ao anónimo, obviamente disse...
31 de Maio de 2008 8:06

Desconheço em absoluto a informação que disponibiliza no seu comentário. Contudo, ficarei verdadeiramente surpreendida se tal vier a acontecer, principalmente pelas numerosas e felizes recordações que tenho de treinos que realizei no complexo desportivo da lapa e pelos muitos contactos que lá estabeleci com muitos agentes desportivos (atletas, treinadores, dirigentes, árbitros,...).
Bons tempos e bom local onde sempre gosto de regressar.

Anónimo disse...

É curioso o que o "anónimo obviamente disse" a respeito dos eventuais negócios que envolvem a venda do Complexo da Lapa.Será mesmo verdade ou não passa de especulação?

Maria Linhares de Castro

Anónimo disse...

Em Lisboa o monstro não é alfacinha é de Fafe!

Anónimo disse...

En politique, une absurdité n’est pas un obstacle.
(Napoleão)

O poder sem abuso perde o encanto.
(Paul Valéry)

Para quê mais palavras?

Anónimo disse...

Para quê mais palavras ?
Ele é um verdadeiro artista!

Anónimo disse...

A sociedade do tudo às claras dá sinais do que Pierre Levy já nos falou sobre as tecnologias da inteligência, promessas, prosopopéias, esperanças mal explicadas ou populismos contemporâneos, parecem não se atentar para a visibilidade de tudo o que é feito e o que não é feito.

Anónimo disse...

Dois curriculos para comparar

http://www.sejd.gov.pt/PresentationLayer/conteudo.aspx?menuid=4&exmenuid=50


http://www.jeunesse-sports.gouv.fr/accueil_5/secretaire-etat_731/biographie_732/secretaire-etat-charge-sports_1879.html

Anónimo disse...

Ao anónimo das 20:50.

Comparei e cheguei a esta conclusão:

www.sejd.gov.pt = bla-bla

www.jeunesse-sports.gouv.fr = =bla-bla-bla-bla-bla-bla-bla-bla-bla

Anónimo disse...

2 blas a 9 blas
o francês ganha segundo os seus cálculos

Anónimo disse...

Sim, ganha em blas porque os blas são escritas fiadas para encher o olho.

Como sabe, entre o diz-se e o faz-se há um fosso do tamanho do mundo.